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Crônica — Diva no Divã

Texto fruto de uma imaginação fértil & utópica

 

Linda, sexy e auto destrutiva, este é um ensaio baseado em fatos inverídicos e surreais.

Naquele dia insosso, pensamentos perturbadores pairam em sua mente como se fossem ervas daninhas a brotar em um descampado infértil.

Deitada sobre o divã, lá esta ela linda e bela com seu com seu jeito cativante e destrutivo de ser.

As mazelas de seu cotidiano são jogadas em verso & proza, um desabafo necessário para acalantar aquele coração em desalinho.

Não era amor, não era paixão e muito menos razão, somente uma mera exteriorização de sentimentos penosos e reprimidos daquela que nunca é compreendida e sim venerada.

Diva deitada ao divã, olhos claros e cabelos escuros um anjo mal entendido, sonho de todas e todos é ela a diva a mulher a perfeição e personificação.

Em suas lamurias a vida, o desamor a insatisfação em ter que ser sempre a perfeição, com um desejo simples ser notada não pela beleza mas por sua essência nobre e estimulante.

Difícil a vida de seres como ela, sempre observada e para aqueles tolos eternamente invejada.

Vida que segue, sabe ela que nada irá mudar e sua sina será conviver com este belo e prazeroso fardo, ser a referência e sempre e sempre a fascinante, a carismática, a sedutora, aquela que sempre será notada em meio a multidão.

Com um movimento brusco e súbito ela se retira, deixando para trás um peso morto que habitava sua mente, sai para sua vida de luz e eterno brilho no escuro.

Diva para todo sempre diva.

[ Renuncia ] …

Não querer também é poder.

De repente, abro os olhos e acordo numa versão cultural. Com uma tremenda sede de beber de uma fonte desconhecida. É numa dessas que eu compro um livro que eu sei que eu não vou ler e vou parar no Jardim Botânico, na esperança de que um varal de orquídeas mude minha vida. Minha alma é um manicômio.

Opiniões desencontradas, atitudes disparatadas e crenças inversas. A nítida sensação de que nunca vou aprender a existir. Eu ando, tropeço, me dou rasteiras, me levanto, e ainda durmo, mesmo que no ponto. Desatinada, numa dessas manhãs insanas, me matriculei num curso, na PUC, pra aprender a escrever roteiros.

No primeiro dia de aula, a professora passou 80% do tempo explicando quem ela teria sido se não fosse o que é. No segundo dia de aula, eu não fui. Quando o discurso começa com “naquele tempo”, eu entro no que eu chamaria de pânico por identificação.

É como se meu fracasso estivesse estampado na minha frente. E, por não gostar do que vejo, peço a conta. No pátio da PUC, com vergonha de ter desistido de um curso que nem comecei, coisa que faço com maestria singular, circulei entre os pilotis e estudantes tendo a certeza de que eu não estava certa de nada.

Era meu dever voltar pra sala e dar à professora a chance de me surpreender. Era meu dever tentar. Era meu direito partir. Eu entro com a mesma incerteza que saio. Abro e fecho portas com pinta de quem sabe exatamente o que está fazendo.

Fujo e finjo. Engano a torcida. Faço parecer que as renúncias não me custam caro. Já não fiz curso de pintura, de fotografia, de história da arte e até de astrologia. Um pouco de tudo e tudo de nada.

Por Silvia Pilz & Edmundo Paschoal

Jornalista & Cronista. Apaixonado pela arte da comunicação, crítico e analítico por natureza.

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