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Especial – Religiosidade

Especial – Religiosidade

Preparamos um estudo sobre quase todas as religiões descritas ao longo da história. Foi estabelecido a subjetividade coletiva na produção deste material. Assim, conseguimos manter o máximo de isenção e neutralidade em cada uma delas.

Mas antes, vamos falar sobre a religiosidade, tomando como ponto de partida Nossa Senhora Aparecida, a padroeira dos sertanejos.

Querendo arrumar maneiras de agradar o Conde de Assumar, os homens da política de Guaratinguetá convocaram pescadores para que apanhassem uma boa quantidade de peixes para a alimentação do Governador e de sua comitiva.

Foto: Marco Pazzini / Pixabay

Foi assim, obedecendo às ordens da Câmara da Vila de Guaratinguetá, que Domingos Martins Garcia, João Alves e Filipe Pedroso, saindo do Porto de José Correa Leite, foram pescar. Jogaram suas redes de arrasto até o Porto de Itaguaçu sem nenhum resultado. Os peixes pareciam ter desaparecido, nem mesmo um lambari tinha caído nas malhas dos pescadores. Porém, diante do ancoradouro de Itaguaçu, já cansados e desanimados, jogaram a rede mais uma vez. Pescaram o corpo de uma imagem de Nossa Senhora sem a cabeça. Logo na vez seguinte, tiraram das águas turvas do Paraíba, a cabeça da Santa.

A partir desse momento, a pescaria foi um sucesso sem conta, a ponto de haver o perigo da canoa dos pescadores afundar sob o peso de tantos peixes.

Cavalgadas e Romarias

Quando se fala a respeito dessa aventura a cavalo de São José dos Campos até Aparecida do Norte, é comum escutar a palavra cavalgada.

É preciso ter muito bem em conta que há inúmeras diferenças entre os termos cavalgada e romaria, ainda que esta seja a cavalo e que, para muitos, tudo seja a mesma coisa. Considera-se como cavalgada uma reunião de pessoas a cavalo, uma marcha ou viagem de uma porção de cavaleiros ou, ainda, simplesmente uma quantidade significativa de cavalgaduras. Já a palavra romaria deve ser entendida como uma peregrinação a algum local religioso, uma reunião de devotos para a participação numa festa religiosa ou simplesmente uma aglomeração de pessoas em jornada.

Isso é o que diz o dicionário. Para o fiel, para o devoto, romaria é uma viagem — não importando a distância — com a finalidade de prestar homenagem, pagar promessa ou pedir bênçãos e graças ao Santo de sua devoção.

Resumindo e simplificando, romaria implica em fé e cavalgada, apenas em diversão.

Numa romaria de cavaleiros, não é permitido fazer a montaria trotar ou galopar e os ginetes seguem com o pensamento voltado para a finalidade última da viagem, ou seja, a devoção. Assim, os romeiros vencem o caminho cantando hinos em louvor a Deus e ao Santo de devoção, ao mesmo tempo em que elevam o espírito e procuram apenas pensar em coisas ou fatos relativos à sua fé. Bem diferente de uma cavalgada, cujo objetivo é o passeio e o lazer, em que são permitidos trotes e galopes, apostas para ver quem chega primeiro ou quem vence com mais facilidade os obstáculos do caminho e em que se pensa, antes de mais nada em diversão.

Não há, aqui, que depreciar uma cavalgada, muito pelo contrário. É um esporte saudável em todos os sentidos, já partindo-se do princípio que obriga o participante a manter um contato bastante direto e íntimo com a Natureza. Contudo, quando se trata de uma manifestação religiosa como é o caso de uma romaria a cavalo, os ingredientes básicos de uma cavalgada não servem e, portanto, não podem ser usados.

Por tudo isso que se disse, é muito importante jamais confundir uma romaria de cavaleiros com uma cavalgada. Sob pena de ofender os devotos participantes da primeira…

Os motivos que levam a uma romaria

Na antiguidade latina, quando Roma dominava o que então se conhecia por mundo civilizado, os Césares eram considerados como a encarnação de Deus na Terra. Por isso, era um dever de todos os que viviam sob a égide romana — melhor dizendo, sob o jugo de Roma — prestar uma homenagem a César. Para tanto, era necessário que fosse à Roma, que empreendesse uma viagem cujo único objetivo era ver a figura imponente e endeusada do imperador. Mais tarde, já na Era Cristã, tal viagem continuou sendo um hábito indispensável: aos católicos era preciso ir pelo menos uma vez durante a vida à Roma, para beijar o Anel Papal.

Evidentemente, com a ampliação do mundo civilizado, as conquistas de além-mar, a conceituação atual e final do que seja o nosso planeta do ponto de vista físico, essa viagem passou a ser impossível para a imensa maioria das pessoas católicas. Há os custos, as dificuldades, outras necessidades mais prementes tais como comer, habitar, vestir, enfim… sobreviver.

Porém, a religiosidade inerente ao ser humano normal — não podemos considerar como normais os ateus, já por eles se constituírem numa classe de pessoas incoerentes uma vez que fazem do ateísmo uma religião e, assim sendo, já não podem mais ser considerados ateus e melhor seria dizer que são pessoas agnósticas — encontrou caminhos para substituir e satisfazer essa necessidade de manifestar não apenas o respeito a Deus e ao panteão de santos, mas também de procurar um contato mais íntimo com os objetos e entidades de devoção.

Observe-se que estamos falando do homem genericamente e não exclusivamente dos católicos. É preciso lembrar que em outras religiões — e até mais do que na Católica — há o hábito arraigado de romarias: os muçulmanos precisam ir a Meca; os hinduístas e budistas, à Índia; e os umbandistas precisam ir a Salvador…

Entre os católicos, a já difícil viagem à Roma foi substituída pelas romarias a locais onde a devoção e a fé estão mais presentes seja por uma questão de tradição, seja porque, nesses lugares, realmente aconteceram milagres e, portanto, são locais onde o ser humano pode ter a oportunidade de estar mais perto de Deus e de seus Santos.

Dessa maneira, percebemos que a razão primeira de uma romaria é a de estar num lugar onde o contato com Deus ou com seus Santos seria mais fácil.

Mas, não podemos esperar que os romeiros, considerados como um todo, tenham conhecimento de todos esses fatos histórico-psicológicos que o levam a realizar uma romaria.

Entre as pessoas comuns — e geralmente são estas que constituem a grande multidão de romeiros — as razões que surgem para a realização de uma romaria, estão diretamente ligadas à necessidade da busca da felicidade.

E, diga-se com muito ênfase, que essa felicidade não precisa ser obrigatoriamente material. Estar de bem com Deus, muitas e muitas vezes, é mais do que suficiente para que essas pessoas possam se sentir felizes.

Por causa dessa característica psicológica dos romeiros, podemos afirmar que as principais razões para a existência de uma romaria vão desde a necessidade de um reencontro com Deus e a religião, até o pedido desesperado de uma cura física, passando por falta de dinheiro, falta de amor terreno, carência afetiva familiar, problemas psíquicos e muito mais.

Porém, é preciso considerar, também, aqueles que seguem numa romaria única e exclusivamente para manifestar sua fé ou, ainda, para agradecer bênçãos recebidas. Nada têm a pedir, estão de bem com a vida e consigo mesmos e simplesmente sentem a necessidade de mostrar que são gratos a Deus por tudo quanto conseguiram.

Ainda que nada tenham de material, podemos pensar às vezes, se não são estas pessoas os verdadeiros e autênticos romeiros e, justamente, aqueles que teriam maior possibilidade de contato com Deus e com os Santos.

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