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Especial Religião – O Budismo

Muito se tem discutido se o Budismo é uma religião ou uma filosofia, e essa questão parece que nunca foi decidida. O budismo prega um caminho de libertação e salvação mais individualizado. No decorrer de sua existência, a crença budista subdividiu-se em duas correntes: o Budismo Theravada, mais próximo da origem dos ensinamentos budistas (prega um único caminho para a redenção: esforço e disciplina), e o Budismo Mahayana (predominante, por exemplo, em países como o Butão, país sob regime monárquico constitucional, e na Coréia do Sul), do qual geraram-se doutrinas como a Bodhisattva e o Zen-Budismo, esta última possuindo foco de concentração no Japão (embora neste último país predomine a religião xintoísta). O Budismo é organizado sob um sistema monástico.

O termo “Buda” é um título, não um nome próprio. Significa “aquele que sabe”, ou “aquele que despertou”, e se aplica a alguém que atingiu um superior nível de entendimento e a plenitude da condição humana. Foi aplicado, e ainda o é, a várias pessoas excepcionais que atingiram um tal grau de elevação moral e espiritual que se tranformaram em mestres de sabedoria no oriente, onde se seguem os preceitos budistas. Porém o mais fulgurante dos budas, e também o real fundador do budismo, foi um ser de personalidade excepcional, chamado Sidarta Gautama.

Siddharta Gautama, o Buddha, nasceu no século VI a. C. (em torno de 556 a. C.), em Kapilavastu, norte da Índia, no atual Nepal. Ele era de linhagem nobre, filho do rei Suddhodana e da rainha Maya. Logo depois de nascido, Sidarta foi levado a um templo para ser apresentado aos sacerdotes, quando um velho sábio, chamado Ansita, que havia se retirado à uma vida de meditação longe da cidade, aparece, toma o menino nas mãos e profetiza: “este menino será grande entre os grandes. Será um poderoso rei ou um um mestre espiritual que ajudará a humanidade a se libertar de seus sofrimentos”.

O principal livro sagrado budista consiste no Tripitaka, livro compartimentado em três conjuntos de textos que compreendem os ensinamentos originais de Buda, além do conjunto de regras para a vida monástica e ensinamentos de filosofia. A corrente do Budismo Mahayana ainda reconhece como códigos sagrados os Prajnaparamita Sutras (guia de sabedoria), o Lankavatara (revelações em Lanka) e o Saddharmapundarika (leis). A crença budista toma a reencarnação como verdade. O sistema budista de crença é baseado em quatro princípios ou verdades fundamentais: o sofrimento sempre se faz presente na vida; o desejo é a causa crucial do sofrimento; a aniquilação do desejo leva à aniquilação do próprio sofrimento; a libertação individual é atingida através do Nirvana. O Nirvana contraria-se à idéia do Samsara (o ciclo de nascimento, existência, morte e renascimento). Para os budistas, o caminho da libertação é atingido a partir do momento em que o ciclo do Samsara é quebrado. O rompimento do ciclo da vida é justamente o Nirvana, que pode ser alcançado através de passos: a compreensão correta, o pensamento correto, o discurso correto, a ação correta, a vivência correta, o esforço correto, a consciência correta, a concentração correta. Todos estes passos são perseguidos através da auto-disciplina e da meditação, além de exercícios espirituais.

Buda não desenvolveu sua doutrina num sistema filosófico consistente; ele a considerava como uma forma de se atingir a iluminação.  Suas afirmativas acerca do mundo foram restritas à ênfase sobre a impermanência de todas as coisas, ele insistia na necessidade de nos libertarmos de toda autoridade espiritual, inclusive de sua própria, afirmando que somente poderia  indicar o caminho para o Estado de Buda, e que cabia a cada indivíduo percorrê-lo até o fim por seus próprios esforços.

Nos primeiros séculos que se seguiram à morte de Buda, foram organizados diversos Grandes Concílios dirigidos pelos principais monges da ordem budista. No quarto desses concílios, realizado na ilha de Ceilão (atual Sri Lanka), no primeiro século da era cristã, a doutrina memorizada oralmente e transmitida durante mais de quinhentos anos, foi afinal registrada na forma escrita.  Esse registro, elaborado na língua páli, é conhecido como o Cânone de Páli e forma a base da escola ortodoxa Hinayana.  A escola Mahayana, por seu turno, baseia-se num certo número de sutras, textos de grandes dimensões, escrita em sânscrito cem ou dusentos anos mais tarde e que apresentam os ensinamentos de Buda numa forma muito mais sutil e elaborada que o Cânone de Páli.

O físico Fritjof Capra, em seu livro O Tao da Física, nos fala que o budismo – ao contrário do hinduísmo que lhe serviu de preparação e que possui um forte colorido mitológico e ritualístico – tem um caráter e um “sabor” eminentemente psicológico. Segundo Capra,  “Buda não estava interessado em satisfazer a curiosidade humana acerca da origem do mundo, da natureza do Divino ou questões desse gênero. Ele estava preocupado exclusivamente com a situação humana, com o sofrimento e frustrações dos seres humanos. Sua doutrina, portanto, não era metafísica; era mais uma psicoterapia. Buda indicava a origem das frustrações humanas e a forma de superá-las. Para isso, empregou os conceitos indianos tradicionais de maya, karma, nirvana, etc., atribuindo-lhes uma interpretação psicológica renovada, dinâmica e diretamente pertinente.”

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