Morre gente todo dia, e a gente sabe. Assim como amanhece todos os dias, a morte é a maior certeza de nossas vidas. Mas a gente não espera que ilustres filósofos ou grande pensadores partam sem serem lembrados grandiosamente pelos seus trabalhos e conquistas. Nessa semana, Gérard Genette faleceu e nenhum jornal brasileiro noticiou. Tive que me virar num site francês para tentar entender o que queriam dizer. Divulguei em uma rede social visitada por pessoas do curso de Letras sobre essa notícia, e recebi comentários do tipo “nem sei quem é”.
Tornar o outro indiferente é mais fácil do que reconhecer a ignorância que existe na gente. Não culpo terceiros por não terem conhecido seus trabalhos, mas venho aqui para dizer da importância histórica e de seu legado que permanece. Queria tentar fazer o uso, aqui, de minha voz numa narrativa intradiegética, teoria elaborada por ele no qual o “emissor não é apenas o narrador, mas um personagem, e o narratário deixa de ser o leitor e passa, também, a ser um personagem”. Dessa forma, deixaria essa reflexão registrada em português brasileiro na semana de sua passagem.
O ilustre professor Gérard Genette nasceu em Paris em 1930. Contava, então, com 87 anos e foi um dos grandes nomes da Narratologia, campo de estudo estruturalista sobre narrativas de ficção e não ficção, deixando pesquisas enriquecedoras para nossa sociedade. Com esse e outros trabalhos, colaborou com a formação de uma ciência da narrativa. Trabalhou com Todorov, e comparável a Roland Barthes, o Professor Gérard Genette foi um grande crítico literário e teórico da literatura.
Obrigada, Genette, por nos trazer à luz do conhecimento suas teorias. Por nos fazer compreender as vozes da narrativa, dentre outras especificidades. E assim, Gérard Genette fecha o capítulo de sua obra de vida deixando de ser Protagonista nesse tempo narrativo em 11 de maio de 2018.