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Perfume da cozinha da vovó

Caros Leitores,

Escrevi esse primeiro texto como forma de apresentação da minha vida para vocês.

Apesar de ter nascido no Brasil, parte de minha infância passei no Líbano, país considerado como jóia do Oriente e conhecido pelo famoso cedro do Líbano e sua culinária perfumada.

Em casa não era diferente, lembro até hoje o perfume que tomava todos os cômodos da imensa residência de pedra onde morávamos. O café da manhã tinha aroma de água de rosa, de záatar e mel. Na toalha estendida na sala, como de costume das famílias árabes, era servido o chá, as coalhadas, as compotas, as conservas, os ovos, o mel, as geléias e o pão-folha onde todos comiam com as mãos, fazendo do pão seu talher.

A culinária sempre teve influência social para árabes. Nos vilarejos mais distantes os pães eram feitos em coletividades. Não dá para esquecer as mulheres cantando e conversando. Quem não entende a língua árabe poderia achar que estavam brigando. A toalha estendida no chão, uma fogueira acesa embaixo de uma calota de trator, era o que bastava para montar o forno. A massa de pão entrelaçada entre os braços e esticada até ficar transparente colocada sobre o forno improvisado, que, em segundos estava pronto tendo-se a visão apetitosa das pilhas de pães destinadas à distribuição para comunidade.

Inesquecível era a pedra de açúcar (açúcar cristal de cerca de 1k) que vovó, escondia tão bem que nunca achei e utilizava como prêmio controlando minhas traquinagens, dando-me diariamente um pedacinho. Tenho em minhas lembranças como um sabor carinhoso que me remete a um sentimento de vitória.

Tenho gravado em minha memória aquelas cenas peculiares da cultura libanesa, só resgatadas depois de começar a escrever este texto. Lembranças escondidas, que terminam com minha avó correndo atrás do carro do Consulado brasileiro a caminho do aeroporto, fugindo dos bombardeios que arrasaram o Líbano, trazendo-me de volta para o Brasil.

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