Poderia ter sido apenas um menino negro que colhia algodão para sobreviver, como tantos outros na década de 30. Mas, como o sobrenome previa, Riley Ben King chegaria muito mais longe do que ele próprio poderia imaginar quando, empunhado uma guitarra barata, tocava na rua em troca de moedas.
Foram nada menos que 15 prêmios Grammy, medalhas e um título de Ph.D honorário da Universidade de Mississippi. Mas não há premio maior que ter inspirado nomes como Eric Clepton, Jimi Hendrix, Jeff Beck, John Lennon e uma infinidade de outros grandes artistas.
Como quase todo garoto que começa a se interessar por música, achava que tocar bem era tocar rápido. E levou algum tempo para entender as sutilezas do Blues, o que é dar significado a cada nota, o que B.B. King sabia como ninguém. Ele costumava dizer que uma nota vale por mil. E era verdade, sustentava cada uma delas, até o quanto o sentimento pedisse.
Mas hoje o sentimento se foi. Não ouviremos mais Lucille falar, transformando sofrimento em beleza.
É uma pena. Ficou aquela saudade doída que as pessoas especias deixam pra trás quando partem. A diferença é que ele também deixa uma obra que traz a singeleza do menino que colhia algodão para sobreviver, mas que carrega em si a majestade do Rei do Blues.
Vá em paz, Blues Boy. Seu legado estará conosco para sempre.