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Como é viver em meio à quarentena por coronavírus em diferentes regiões de SP

Como é viver em meio à quarentena por coronavírus em diferentes regiões de SP

*Foto: Raquel Barreto

Após o governador João Dória anunciar o primeiro decreto de quarentena no estado de São Paulo, não restou outra alternativa à população senão ficar em casa, ou pelo menos, uma parte dela. Isso porque as disparidades socioeconômicas entre os 12,2 milhões de habitantes da capital paulista revelam que nem todo mundo pode se dar ao luxo de viver em isolamento.

No bairro de Santo Amaro, na Zona Sul, o morador Richard Flores, de 43 anos, atua como síndico profissional e pontua que, embora possa trabalhar de casa, há casos que exigem a presença dele nos condomínios que administra. Ele ainda acrescenta que essa situação é muito anormal e bastante diferente de quando contraiu a gripe H1N1. Vários infectologistas têm dado declarações que comprovam essa diferença, alegando que a covid-19 é mais contagiosa que o vírus responsável pela pandemia de Influenza A, ocorrida em 2009.

Alguns idosos, grupo com maior risco de contrair a doença, também aderiram ao distanciamento. A pensionista Carmen Rodrigues Matos, de 82 anos, mora na região do Butantã, no bairro Vila Gomes, Zona Oeste, e contou por telefone que seu cotidiano está sendo como de costume. “Eu tenho que ficar em casa mesmo. Estou respeitando, fazer o quê? Não pode sair, tem que obedecer as regras”, comenta.

Questionada sobre a cobertura midiática, ela relata que está entendendo bem, pois a situação tem sido devidamente explicada. Na opinião dela, tudo voltará ao normal depois da quarentena, com pessoas indo trabalhar e o comércio sendo reaberto. Entretanto, imagina que a parte econômica do país vai demorar para voltar à normalidade.

Nas proximidades, Antônio Carlos Theodoro, de 55 anos, que reside com sua família no Jardim Bonfiglioli, diz que sua rotina mudou bastante com a adoção dos protocolos de higiene e adiamentos dos compromissos de trabalho. O prestador de serviços conta que está reduzindo o máximo possível as suas saídas, que são feitas em média 4 vezes por semana com a finalidade de abastecer a casa e resolver assuntos pontuais. Apesar das restrições impostas pelo combate ao novo coronavírus, ele acredita que muitas coisas vão mudar nos hábitos da sociedade após o fim da pandemia.

Enquanto os moradores das regiões Sul e Oeste evitam sair de suas residências, nos extremos da cidade o comportamento é oposto. O motorista Ronivaldo Estevão, de 52 anos, trabalha com os aplicativos Uber, 99 e Cabify há três anos. Ele sai de casa quase todos os dias, no conjunto habitacional Fazenda do Carmo, Zona Leste, na tentativa de conseguir arrecadar sua meta diária. Porém, o condutor explica que, com o isolamento social, o movimento de passageiros diminuiu muito, afetando o seu faturamento que era de 200 reais com uma jornada de 10 horas por dia. “Agora é 20, 30 reais com 5, 6 horas de trabalho. Até desestimula a trabalhar”, conta.

A esposa dele, Cirlene Jesus Pinto, de 46 anos, também não pôde cumprir a recomendação de isolamento social. Ela é auxiliar de limpeza em uma Unidade Básica de Saúde localizada no Brás, centro da capital, e teme levar o vírus para a família, especialmente para o pai, que tem 74 anos e é diabético. “Eu tento me proteger usando máscara [álcool] gel, evitando ficar um em cima do outro, mas é difícil”, disse, se referindo a superlotação dos ônibus causada pela redução da frota realizada no final de março pela prefeitura, e que impossibilita os usuários a manterem uma distância mínima de um metro e meio uns dos outros, como orienta a Organização Mundial da Saúde.


*Texto produzido por Anna Benites, Bárbara Gabriela e Raquel Barreto, estudantes de Jornalismo na Universidade Anhembi Morumbi.

Estudante de Jornalismo.

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