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Chauí e a armadura paulistana

Algumas ideias que nos fazem pensar ao ouvir ou ler os discursos da Dra. Marilena Chauí:

Talvez o paulistano, quando fora de casa e longe de seu convívio social (família e amigos), tenha essa aspereza na tratativa e essa gana de soldado, pois é maltratado desde o momento que sai da porta da sua casa. Seja pelo bandido, seja pelo policial, seja pelo porteiro. Por lá o “bacana” ou “playboy” sofre preconceito “inverso” a todo o momento. Existe um certo ódio contra a classe menos desfavorecida. A violência na Capital é brutal e por isso talvez o paulistano mostre os dentes e saiba rugir o tempo todo.

E isso não é novo, talvez seja uma herança de nossa população eminentemente formada por movimentos migratórios. Provavelmente o imigrante, japonês, italiano ou até africano, já tinha que ser “armar” para sobreviver nessa “selva de pedra” que não é fácil para ninguém, da mesma forma o nordestino. Esses conflitos fazem parte da “alma” paulistana. Exemplo disso é o Funk e o Rap que vem sendo feito por aqui. De Racionais MCs, a Projota e Emicida, o que se estabelece é um conflito. Não vou discutir aqui a origem desse conflito, mas acho que só é alimentado pelo enorme abismo da desigualdade.

Na cidade de São Paulo, o rico, é rico mesmo, e o pobre também. A classe média de lá, se vendesse seu apartamento “milionário”, iria viver vida de “rico” em outras cidades.

A competição nas empresas, e por consequência, no trânsito é brutal. Todos “turistas” falam muito mal da educação no trânsito nas ruas metropolitanas, mas nenhum deles aguenta essa vida. Nenhum deles pega congestionamentos gigantescos semanais e ao chegar em casa recebe várias multas de radar por velocidade.

Não nego o caráter combativo da vida paulistana, mas ela está lá por um proposito e não é fascismo ou nenhum tipo de “consciência” política de classes ou algo do gênero. Talvez seja uma questão de sobrevivência.

Finalmente, para reflexão mais profundada, recomendo o documentário “Motoboy, vida loca”. Mostra que eles, os motoboys, não são malucos de pedra. São assim em detrimento das exigências, por mais absurdas que possam parecer, do mercado corporativo. Cruel e irresponsável. Se la vie.

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