Encontro-me literalmente numa esquina. Vejo quase tudo de vários ângulos e às vezes tenho dificuldades para decidir qual o melhor. Sigo como sempre fiz desde que frequentava a esquina da Livraria Estudantil em Caruaru.
Do lado oposto havia a Ótica Globo, cujo dono, Ivanildo Santos, faleceu há alguns dias. Era ali que me encontrava todos os dias com amigos da vida inteira, como Carlos Fernando, Manuel Messias, Romero Figueiredo, Assis Claudino, João Batista, Danilo Queiroz ou Arnóbio Oliveira, entre outros.
Já não existe a esquina da avenida Guararapes, no centro do Recife, onde eu conversava com José do Patrocínio, misto de jornalista e jornaleiro, com quem discutia os destinos do mundo. Lembrava então de outro jornaleiro, Zé do Gelo, que vendia jornais na esquina da rua Tenente Cleto Campelo com a rua da matriz, no centro de Gravatá.
A da São João com Ipiranga, imortalizada por uma canção de Caetano Veloso, também foi minha “praia” nos tempos de dureza, quando procurava a famosa sopa paulista – o mais barato almoço de São Paulo, que se tomava em pé, devido à alta rotatividade.
Famosas ou não, as esquinas sempre me atraíram pela oportunidade de enxergar vários ângulos de uma mesma paisagem. Sempre se constituíram em bom posto de observação, olhando em frente, para trás ou para os lados.
Tornaram-se dispensáveis com o advento da internet. Basta ligar um computador, um notebook ou um telefone celular e todas as esquinas do mundo aparecem de vários ângulos. Só precisa de uma boa visão.