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O trabalho da UBS Inácio Monteiro na contenção do coronavírus no extremo da ZL

O trabalho da UBS Inácio Monteiro na contenção do coronavírus no extremo da ZL

O que as autoridades médicas mais temiam aconteceu: o coronavírus chegou nas periferias da capital paulista. De acordo com um boletim epidemiológico divulgado no dia 28 de abril pela Secretaria Municipal de Saúde, o número de casos confirmados da doença aumentaram 47,3% em uma semana nos 20 distritos mais pobres de São Paulo. Alguns deles também apresentam as maiores taxas de mortes na cidade até o momento. O dado acende um alerta para a sobrecarga nos hospitais públicos dessas localidades.

Com um registro de 132 casos confirmados e 51 mortes por coronavírus até os dias 23 e 24 de abril, respectivamente, a falta de leitos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital municipal de Cidade Tiradentes, no extremo leste, e de três outros hospitais da região, levaram o vereador Toninho Vespoli (PSOL-SP) a criar uma petição online com o objetivo de reunir 5.000 assinaturas para a construção de um hospital de campanha na Zona Leste. Até o fechamento desta reportagem, o abaixo-assinado contava com mais de 3.900 apoiadores.

Enquanto esse suporte não chega, os profissionais das Unidades Básicas de Saúde (UBS) se desdobram para conter o avanço do novo coronavírus na periferia. Na UBS Inácio Monteiro, também em Cidade Tiradentes, uma área na sua parte externa foi reservada para acolher as pessoas sob suspeita da doença. Depois de passar por uma triagem, os pacientes são monitorados por telefone e orientados a ficarem em isolamento social, com retorno à unidade dentro de quatro dias ou assim que os sintomas piorarem.

Segundo o médico de família Roberto Jaguaribe Trindade, que trabalha no posto de saúde, os casos são reavaliados e aqueles mais graves são encaminhados para um hospital de campanha. O mesmo acontece com os pacientes que testaram positivo para a Covid-19, mas que apresentam sintomas leves. Já os quadros graves são enviados para o serviço de urgência nos hospitais. Ele pontua que a principal dificuldade tem sido conseguir um retorno dos hospitais de campanha, que demoram a responder o contato dos médicos sobre a solicitação de vagas para os pacientes.

Outra questão que preocupa Roberto é a disponibilidade de testes para o diagnóstico do coronavírus. “No momento não dispomos de testes na UBS. Isso dificulta bastante o reconhecimento do número real de casos existentes, lembrando que há portadores assintomáticos ou com poucos sintomas, mas que podem transmitir a doença como alguém sintomático”, comenta. Existem cinco casos confirmados na unidade, sendo dois deles de agentes de saúde. Outros dois estão afastados por suspeita.

O posto tem uma média de 30 a 40 atendimentos por dia de pacientes com suspeita de contaminação, incluindo os retornos para reavaliação do caso. Por isso, além da estrutura física, a UBS Inácio Monteiro precisou adaptar também seu atendimento à comunidade. Para controlar aglomerações nas dependências do posto, a equipe administrativa teve que suspender as consultas agendadas. “Meu filho tinha consulta marcada com o pediatra. Foi cancelada”, conta Janaina Maria, de 36 anos, que diz ter agendado a consulta do filho de 9 meses para o início abril. No entanto, o doutor explica que os atendimentos domiciliares às crianças e aos pacientes que precisam de acompanhamento médico foram mantidos.

Estudante de Jornalismo.

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