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Dilma x Cunha

Ouvi pela manhã, na rádio CBN, um comentário de Merval Pereira sobre a situação de Eduardo Cunha após as denúncias de ontem. “Está acabado”, posso resumir assim.
Claro que isso levará meses, como levou com tantos presidentes de casas legislativas anteriores (Jáder Barbalho, Severino Cavalcanti, Antônio Carlos Magalhães… será que esses caras não sossegam não ?!).
DILMA / EXERCITO
Pink e Cérebro: o leitor pode escolher quem é quem
Pereira discorreu o mais sucintamente possível sobre o processo. Será um vai e vem de acusação e defesa, passando pelo plenário do STF, já que o sujeito tem foro privilegiado. Apontou que o poder de Cunha não desapareceu, mas vai minguar à medida que o processo tramitar.
Faz sentido. E que bom.
Ele então mencionou o papel da oposição no caso. Apontou que o PSDB e o DEM estão neutros demais, e que deveria se posicionar logo contra o Cunha. Também apontou que qualquer pretensão de passar um impeachment de Dilma começa mais fraca se for apresentada por Cunha.
Faz sentido. E que mal.
De novo, não estou discordando da análise do Pereira, ao contrário. O que me deixa muito incomodado é as coisas serem como são. Um presidente de casa legislativa acusado de seja lá o que for não deveria fica enfraquecido, deveria ficar afastado até as coisas se resolverem. Que volte se inocentado, oras. A casa perde influência, e o tal sistema de equilíbrio dos poderes balança. O tal presidente enfraquecido não consegue aplicar sua pauta, por “não ter moral junto a seus pares”.
Ora bolas, isso também não faz sentido. Afinal, os deputados estão analisando propostas ou a força de quem a propôs? Faz alguma diferença quem teve a ideia? Se Hitler ressurgisse do inferno com uma ideia que conseguisse erradicar a fome ou o analfabetismo, a ideia seria ignorada apenas por ele ser um crápula?
Uma proposta ou um projeto de lei é bom ou ruim independentemente de quem o propôs. Isso é lógica básica, rudimentar até. Descartar pelo fato do autor se corrupto (ou comunista, ruralista, evangélico, da bancada da bola, etc.) é a definição de ad hominem: ataca-se o autor e não a proposta.
É ridículo que seja assim. Perde o país inteiro com esse tipo de comportamento mesquinho dos legisladores. Essa vontade de aparecer, de fazer média, de participar do jogo de influências joga a democracia representativa no lixo.
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Publicação original em Asimovia
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