Chegamos ao período eleitoral e para muitos é sempre a mesma coisa. Som alto, musiquinhas (lê-se jingles) tocadas repetidamente pelos bairros da cidade, panfletos espalhados pelas calçadas de tal modo que mais parecem verdadeiras arapucas. Afinal, muitos se tornam armadilhas para os pedestres desatentos que só percebem quem está impresso no folheto depois de escorregar e já no chão dar de cara com a foto sorridente do candidato.
O eleitor está cansado. Alguns já não sabem se estão doentes ou apenas irritados com tantas falsas promessas. A política é alvo constante da descrença do brasileiro e não é para menos. Se por um lado os discursos de ódio e opiniões ideológicas fortaleceram as discussões, por outro a polarização fez diminuir as relações e os afetos com o que realmente importa que é justamente o respeito ao próximo.
Na última eleição presidencial, o cidadão viu surgir novos nomes no cenário político brasileiro. Muitas vozes e posturas que se alinhavam, de certo modo, com o pensamento democrático e o respeito às diferenças em consonância à necessidade do desenvolvimento do país.
Nova cor, novas caras, outras pessoas. O laranja do Partido Novo surgiu sem levantar bandeiras e de maneira relativamente discreta tentou apresentar algumas propostas e candidatos com iniciativa, mais argumentos e menos discursos.
Mas nem todos estão preparados para entender e sim apenas ouvir e apenas acreditar. E muitas vezes, quem grita mais é quem se faz escutar. Talvez por isso, o Novo não conseguiu eleger um presidente e também não obteve tantas candidaturas na última eleição.
Este ano, no entanto, alguns candidatos às vagas de vereadores se apresentam na cor laranja com novas perspectivas.
É o caso do joseense Bruno Wallace, 18 anos que acredita na transformação social através da educação.
Acompanhe a seguir a entrevista completa com o jovem para e Rede de Comunicação do Jornalismo Colaborativo:
JC: Desde, 2012, a Rede de Comunicação do Jornalismo Colaborativo tem como proposta disruptiva a transformação social e a divulgação científica. De que modo você encara o modelo de transformação social dentro de sua proposta política?
BW: Acredito que a verdadeira transformação social vem através da educação, algo que vocês fazem muito bem compartilhando a informação aqui no Jornalismo Colaborativo, e que pretendo melhorar implementando boas políticas públicas como vereador. Melhorando a educação, nós permitiremos uma transformação social, uma vez que os jovens estarão preparados para trilhar seus caminhos.
JC: O cenário político brasileiro enfrenta uma grande crise de representatividade, motivada por escândalos da corrupção e por falta de identificação aos representantes atuais.Como você pretende lidar com o cenário de insatisfação e qual será o plano para aumentar a credibilidade e participação do povo na política? Existe alguma proposta para redução de gastos e salários absurdos que a máquina pública patrocina no cenário político atual?
BW: A renovação está sendo representada por mim das mais diversas formas; idade, partido, idéias e ações. Por fazer uma campanha sem dinheiro público e sendo candidato pela primeira vez, tenho visto uma maior aceitação das pessoas, porém o que não faltam são motivos para que as pessoas desacreditem da política. Durante meu mandato quero me esforçar ao máximo para que o cidadão sinta-se parte do processo político, sendo transparente e horizontal com a população. Quero fazer isso através de um aplicativo que permitirá que as pessoas possam marcar reuniões, acompanhar meu trabalho e sugerir novas leis e ações. Acredito no poder da pressão popular para combater os desmandos da velha política. Inclusive o poder das pessoas será muito importante para trabalharmos em pautas que são populares, mas prejudicam os políticos, como, redução de salários, implementação do teto salarial dos cargos comissionados, combate às mordomias, dentre outros. Desde já, eu assumi um compromisso com o cidadão que me eleger, compromisso de economizar pelo menos 40% da verba de gabinete, abdicar de todos os auxílios e mordomias e utilizar no máximo 2/3 dos assessores permitidos, além de fazer processo seletivo para a contratação de tais.
JC: O Brasil saiu do mapa da fome da ONU pela primeira vez em 2014, após 11 anos de investimentos em programas sociais. Contudo, nos últimos anos o número de pessoas em situação de extrema pobreza no Brasil aumentou em quase 11%, passando de 13,34 milhões em 2016, para 14,83 milhões no ano passado. Tais índices provocam um alerta em relação à fome e a pobreza no país. Com a pandemia, diversas famílias em São José dos Campos tem passado por necessidade, nesse sentido quais seriam suas ações de combate para que o Município não regrida com o índice geral de pobreza do país?
BW: É muito importante voltarmos a gerar empregos em nossa cidade. O combate à fome e à pobreza demonstra como devemos ter uma cidade atrativa para investimento e que permita que o empreendedor local possa se desenvolver. Essas ações serão feitas através da implementação da Lei de Liberdade Econômica em São José dos Campos, para que seja facilitado o processo de abertura de empresa em nossa cidade. Também irei trabalhar na área da desburocratização para que tiremos as travas que limitam o crescimento da cidade e criar diálogos com a Prefeitura para a redução do ISS municipal para a taxa mínima que é de 2%.
JC: O SUS (Sistema Único de Saúde) já foi elogiado por vários países e por um dos mais famosos jornais de medicina, o jornal The New England Journal of Medicine, porém é bastante criticado pelos brasileiros. Alguns políticos propõem a substituição definitiva do Sistema Único de Saúde pelo “Novo Sistema Nacional de Saúde”. A ideia é que este “novo” sistema fosse gerido segundo os ditames dos planos de saúde. Qual é seu posicionamento a respeito desse assunto e de que modo você poderá contribuir com a saúde em São José dos Campos?
BW: Acredito que a iniciativa privada tem sim muito a somar na saúde pública do nosso país, porém essa é uma discussão Federal. Na saúde municipal quero trabalhar forte na implementação de novas tecnologias da administração pública, como por exemplo, a digitalização e centralização em uma única rede com todas as informações de saúde da cidade, facilitando a vida do cidadão joseense e otimizando os recursos públicos na área de saúde. Ainda entre tecnologia e saúde, vou apresentar um projeto que institucionaliza a telemedicina em São José dos Campos, por considerar que durante a pandemia pudemos presenciar seu funcionamento e utilidade prática.
JC: A educação é pauta importante em qualquer plano de governo, mas atualmente tem sofrido grandes cortes com intenção de melhorar a economia do país, o Ministério da Educação por exemplo derrubou uma portaria que definia o investimento de cerca de R$ 50 bilhões por ano em melhorias nas condições de ensino por todo o país. Quais seus objetivos para a educação em São José dos Campos e como equilibrar economia e direitos básicos?
BW: O primeiro ponto é implementar novas ferramentas de gestão, como a verba a ser destinada através de métricas e mais independência e autonomia para os coordenadores escolares. Isso irá otimizar a utilização dos recursos públicos na educação. Também quero trazer a municipalização das escolas públicas, uma vez que possui incentivo econômico para essa ação dentro do FUNDEB e também permitirmos mais parcerias-público-privadas nas escolas.
JC: Como você enxerga a sua responsabilidade, sendo o candidato a vereador mais novo a disputar o cargo em São José e por que escolheu o Partido Novo?
BW: Acredito que tenho uma grande responsabilidade, primeiro com o nome dos que confiaram e se voluntariam para minha campanha e segundo com as pessoas que, assim como eu, acreditam na mudança. Os jovens precisam ser levados a sério e precisam ser referências. Acredito que conseguirei trazer isso em minha campanha, fazendo uma campanha responásavel e disruptiva. Escolhi o NOVO pois acredito que devemos ter respeito com o dinheiro do pagador de imposto e defender a liberdade no âmbito municipal, estadual e federal. O NOVO tem pessoas excepcionais dentro de seus filiados e dirigentes e isso me satisfaz. Me candidatei tão cedo pois acredito na diversidade na política e que precisamos discuti-las nos mais diversos aspectos, além de interpretar a necessidade ainda maior de jovens serem participantes da política, uma vez que precisamos construir a cidade que queremos crescer e nos desenvolver.
Apesar do foco da Rede de Comunicação do Jornalismo Colaborativo ser destinado às publicações disruptivas de transformação social e difusão do conhecimento científico, abrir este espaço para jovens que se interessam pela mudança do país e, neste caso, através da política, é fundamental para incentivar o movimento de mudança de um país já bastante desgastado, seja de forma cultural, econômica ou social.
Assim, esperamos que o leitor tenha, de algum modo, se identificar com este jovem que já aos 10 anos de idade gostava de conversar sobre política com seus pais e com o tempo buscou na educação desenvolver o interesse na área, pesquisando e sempre colocando em pauta assuntos de interesse público nas conversas com seus amigos. Algo que devemos considerar antes de romper amizades por causa de discussões políticas. Afinal, o que interessa não é se o seu time joga para vencer, mas como ele venceu para jogar.