A Bíblia nasceu no seio do povo hebreu. É a coleção dos livros (considerados pela Igreja como escritos sob a inspiração do Espirito Santo) que contém a palavra de Deus. A Bíblia é uma mensagem que Deus dirigiu e continua a dirigir aos homens.
O termo grego donde provém a palavra Bíblia significava originariamente: os livros. Em latim, este termo transformou-se num singular e passou a designar exclusivamente a coleção dos textos que formam a Sagrada Escritura. A Bíblia completa contém 73 escritos, obras de numerosos autores, tendo cada um deles caracteres próprios.
Os títulos destes Livros lembram, por vezes, o nome dos seus autores, outras vezes o nome dos seus destinatários ou ainda os assuntos que neles são tratados. É-nos desconhecido o nome de muitos desses autores; alguns escritos são o produto de uma colaboração ou constituem uma coleção de textos antigos compilados posteriormente. Os autores bíblicos viveram em lugares e em ambientes muito diversos: cada um deles imprimiu na sua obra traços muito característicos de sua personalidade. Mas todos eles escreveram sob a inspiração do Espírito Santo, e Deus mesmo é que deve ser tido como o autor primário de toda Bíblia.
A Bíblia se divide em duas grandes partes, chamadas respectivamente ANTIGO e NOVO TESTAMENTO. O termo testamento substitui atualmente um antigo termo grego que significa pacto ou aliança. Com efeito, em toda a Bíblia trata-se da aliança feita por Deus como os homens, primeiramente por intermédio de Moisés e em seguida pelo ministério de Jesus Cristo.
É sumamente útil lembrar como foi feita cada uma dessas coleções. A dos livros do Antigo Testamento originou-se no seio da comunidade dos Judeus que a foram ajuntando no decorrer de sua história. Dividiram-na em três partes:
- A Lei (Torá), contendo os cinco livros (chamados mais tarde o Pentateuco, que significa os cinco volumes), que formam o núcleo fundamental da Bíblia. Esses cinco livros são o Gênesis, o Êxodo, o Levítico, os Números e o Deuteronômio.
- Os Profetas. Os judeus compreendiam por esse título, não somente os livros que hoje são denominados Profetas, mas também a maioria dos escritos que hoje costumamos chamar Livros Históricos.
- Os Escritos. Os judeus designavam por este nome os livros dos Salmos, dos Provérbios, de Jó, do Cântico dos Cânticos, de Rute, das Lamentações, do Eclesiastes, de Ester, de Daniel, de Esdras e de Neemias com a Crônicas.
Na época em que esta coleção já estava terminada, os judeus já se encontravam, em parte, dispersos pelo mundo além. Uma importante colônia judaica vivia então no Egito, nomeadamente em Alexandria, onde se falava comumente a língua grega. A Bíblia foi então traduzia para o grego. Alguns escritos recentes lhe foram acrescentados sem que os judeus de Jerusalém os reconhecessem como inspirados. São os seguintes livros: Tobias e Judite, alguns suplementos dos livros de Daniel e de Ester, os livros da Sabedoria e do Eclesiástico, Baruc e a Carta de Jeremias, que se lê, hoje, no último capítulo de Baruc. A Igreja Cristã admitiu-os como inspirados da mesma forma que os outros livros.
No tempo da Reforma, os protestantes, depois de terem hesitado por algum tempo, decidiram não mais admiti-los nas suas Bíblias, pelo simples fato de não fazerem parte da Bíblia hebraica primitiva. Daí a diferença que ainda existe hoje entre as edições católicas da Bíblia. Quanto ao Novo Testamento não há diferença nenhuma.
São 46 livros os do Antigo Testamento e 27 livros os que compõem o Novo Testamento.
Os livros da Bíblia apresentam um conteudo de extraordinária variedade. Encontram-se ali, por exemplo, fragmentos de epopéia, narrações propriamente históricas, listas genealógicas, narrações episódicas ou romanceadas, oráculos proféticos e sermões, texstos legislativos, poemas e orações, ensaios filosóficos, um canto de amor, cartas.
Todos estes documentos são testemunhos da evolução da religião do verdadeiro Deus ao longo da história do povo hebreu. Diante de tamanha diversidade de assuntos, mormente se não perdermos de vista a redação desses mesmos documentos, que se estendem por um período de cerca de 1.000 anos, facilmente se pode compreender que não possam ser lidos e interpretados uniformemente. Os antigos hebreus não escreviam como nossos historiadores modernos. Os onze primeiros capítulos do Gênesis, por exemplo, não foram escritos como um curso sobre as origens da humanidade, muito menos ainda como tantas lições de astronomia ou de história natural. Esses capítulos relatam numa linguagem simples e figurada — adaptadas às inteligências de uma humanidade pouco desenvolvida, as verdades fundamentais necessárias ao conhecimento da mensagem da salvação, bem como a descrição popular das origens do gênero humano e do povo eleito
Todos sabem que o poeta não escreve como o cientista e que toma muitas liberdades de linguagem (imagens, comparações, amplificações) que um historiador atual não se permitiria. Ninguém ignora, igualmente, que as tradições populares, em geral imprecisas, sempre embelezaram os heróis e ensombraram os inimigos. Esse processo literário encontra-se nos mais antigos textos da Bíblia. Sabe-se que a mentalidade popular gosta de fixar em cantos a lembrança dos seus heróis; desses cantos a Bíblia nos conserva numerosos exemplos, como o hino sobre a vitória de Josué.
Por fim, é bem notório como a parábola, a comparação, a anedota, a própria fábula, são sugestivas e apropriadas para ajudar a compreensão de verdades profundas ou abstratas. Os autores inspirados utilizaram-se desses processos (por exemplo na história do patriarca Jó, na de Jonas, de Tobias, de Judite, de Ester); dessa forma procuraram inculcar mais facilmente no espírito do leitor um ensinamento de caráter religioso
Os ensinamentos pregados na Bíblia, por mais imaginativos e populares que sejam, são densos e profundos. Deixam bem subentendido que Deus é o criador do mundo e é distinto do Universo. Que o mundo é bom. Que a finalidade da criação é a paz de Deus, figurada no repouso do sétimo dia. Que o homem foi criado da terra, mas animado de um sopro de vida, destinado a viver na amizade com Deus, que lhe concedeu o dom da liberdade, que já nos habituamos a sentir como o nosso livre arbítrio.
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