Em fins do século 19 e início do século 20 foi atingido o ápice do reformismo islâmico. Um importante “modernista” muçulmano, Mohammed Abduh, esforçou-se em estabelecer a base da aceitação da ciência moderna pelos muçulmanos, à medida que definia o Islã como civilização e não poder ordenador.
Abduh faleceu em 1905. Vinte anos mais tarde, surgiu a última grande tentativa de reforma. Seu autor, Ali Abd el-Rasik, xeque da Universidade Azhar, no Cairo, exerceu atividade em Oxford, tal como Abduh em Paris. Em sua grande obra O Islã e as Bases do Poder argumenta, e com razão, que a ordem do califado é uma invenção humana, que não provém de Deus; o Islã é uma religião e não ideologia política; os governantes muçulmanos sempre abusaram do Islã ao legitimarem seu poder.
Três anos após o aparecimento do livro de Abd el-Rasik, Hassan el-Banna fundou, também no Egito, o movimento da Irmandade Muçulmana, o primeiro movimento fundamentalista moderno em todo mundo islâmico. Coube-lhe sinalizar um Islã político e sua pretensão hegemônica no mundo, que perdura até nossos dias. Tal como o islamismo reformista, esse nacionalismo pregou uma separação entre a política e a religião. No mundo árabe uma crença secular na nação panarábica substituiu a crença religiosa, o mesmo acontecendo em outras partes do mundo islâmico.
O Islamismo é a religião que mais rapidamente ganha adeptos na atualidade, reunindo hoje cerca 1,2 bilhão de seguidores em todos os cantos do planeta. Só nos Estados Unidos eles somam 4 milhões, um número cinco vezes maior que no início da década de 70. No Brasil, o crescimento também é rápido e já não está restrito aos descendentes de imigrantes árabes. No Japão, na semana passada, foi inaugurada uma suntuosa mesquita.
A origem do Islamismo remonta ao Século VII d. C. com as revelações de Alá ao profeta Maomé. A religião reconhece Alá como seu único deus, assim como reconhece em Maomé o legítimo profeta de seu deus. Os textos sagrados islâmicos são: o Alcorão, obra que contém as revelações de Alá a Maomé; o Hadith, contendo os pensamentos e as ações de Maomé; o Sunnah, conjunto de regras de conduta a ser seguido pelos islâmicos. Duas vertentes são reconhecidas no Islamismo: os sunitas (o maior e mais ortodoxo grupo islâmico, constituindo maioria religiosa em países como o Iêmen e a Arábia Saudita, entre muitos outros) reconhecem a sucessão de Maomé por Abu Bakr e pelos três califas que o seguiram; os xiítas reconhecem a sucessão de Maomé por Ali, seu sobrinho. Os símbolos mais importantes para os islâmicos são a família e a mesquita. As práticas religiosas são fundamentais, como por exemplo as cinco preces diárias a Alá; há também o dever para com os necessitados de se oferecer uma parte dos bens; durante a data do Ramadan, entre o amanhecer e o entardecer, há a obrigação do jejum; se a situação financeira permitir, pelo menos uma vez na vida todo o muçulmano deve ir até Meca, na Arábia Saudita. O ponto máximo da peregrinação é chegar até a Mesquita Sagrada de Meca e dar sete voltas em torno de uma grande edificação negra, a Caaba. Esse templo, segundo a tradição islâmica, foi construído por ordem de Abraão e representa o ponto em que os poderes divinos tocam a terra. Dentro do templo está uma pedra negra, que os muçulmanos devem beijar ou tocar. Em seguida, os peregrinos vão para Mina, para participar das solenidades no Monte Arafat, onde o profeta Maomé fez seu último sermão. Embora as voltas em torno da Caaba sejam um momento muito emotivo para os peregrinos, as solenidades no Monte Arafat representam o clímax da Hajj – como é chamada a peregrinação pelos muçulmanos.
Os peregrinos também precisam ir até um lugar onde há três monumentos representando o demônio. Os fiéis apedrejam esses monumentos, para marcar sua fé. O final da peregrinação é num local perto de Meca, onde são oferecidos sacrifícios de animais. Em todo o mundo, nesta época, os muçulmanos sacrificam 500 mil ovelhas e 15 mil bois e camelos. A data da Hajj é determinada pelo calendário lunar. Mulheres são aceitas apenas se acompanhadas de um parente homem. O território sagrado de Meca e Medina é vedado aos não muçulmanos. A Hajj é um dos “cinco pilares” do islamismo. Os outros quatro preceitos são: a profissão de fé, as orações diárias, a contribuição para o Estado e o jejum do Ramadã.
Na realidade, o Islamismo é uma religião e um projeto de organização da sociedade expresso na palavra árabe ISLÃ, a submissão confiante a Alá. Seus seguidores chamam-se muçulmanos (muslimun, em árabe), que se submetem a Deus para render-lhe a honra e a glória devidas como Deus único. Fundada por Maomé, a doutrina do profeta e a idéia de comunidade do Islã formaram-se durante a luta pelo controle de Meca: todos os muçulmanos são irmãos e devem combater todos os homens até que reconheçam que só há um Deus.
O livro sagrado do Islamismo, o Corão (recitação) foi revelado a Maomé por um arcanjo e redigido ao longo dos cerca de 20 anos de sua pregação. Foi fixado entre 644 e 656 sob o califado de Uthman ibn Affan: são 6.226 versos em 114 suras (capítulos). Traz o mistério do Deus-Uno e a história de suas revelações de Adão a Maomé, passando por Abraão, Moisés e Jesus, e também as prescrições culturais, sociais, jurídicas, estéticas e morais que dirigem a vida individual e social dos muçulmanos. Todo muçulmano deve prestar o testemunho (chachada), ou seja, professar publicamente que Alá é o único Deus e Maomé o seu profeta, fazer a oração ritual (salat) cinco vezes ao dia (ao nascer do Sol, ao meio-dia, no meio da tarde, ao pôr-do-sol e à noite), voltado para Meca e prostrado com a fronte por terra.
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