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Por que Rock?

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Sempre procurei ouvir os mais variados tipos de música. Como baixista, já precisei transitar por vários estilos e não tenho dúvidas de que seja uma grande virtude para um músico conhecer o maior número possível de ritmos, se fazer versátil.

Mas, desde pequeno, nenhum estilo me tocou, influenciou e motivou como o Rock.  Na minha infância era comum ver meu pai com o violão, arranhando Beatles. Nas rádios, Nirvana, Alice in Chains, Guns n’ Roses, Metallica, Tears for Fears e muitos outros eram presença constante. Aliás, cresci nos anos 90, a era dos vídeo clipes.

Também, nesse mesmo tempo, um primo mais velho veio morar em casa. Apesar de gostar mesmo de Hip-Hop, ele era fascinado pelo Pink Floyd e trouxe um vinil do The Wall na bagagem. E foram tardes e mais tardes, eu ele e meu irmão ouvindo o disco enquanto ele tentava explicar as músicas e as letras pra nós dois, tudo sem saber inglês.

Mesmo assim, tive muito contato com outros tipos de música, talvez até muito mais contato. Imaginem vocês, morei em Goiânia até os 12 anos num tempo onde estavam estourando Leandro e Leonardo, Chitãozinho e Xororó, Zezé di Camargo e Luciano e por aí vai. Então, por que o Rock?

Acredito que um dos principais motivos é que o Rock é um estilo muito vasto e abrangente. Se você ouve uma música e não gosta, sem dúvida vai existir uma outra vertente que te agrade mais.

E, se há tantas vertentes, o que une todas elas a ponto de todas se enquadrarem em um mesmo estilo? Diria que esse elo é, mais do que musical, filosófico. Existe rock sem guitarras, com dois baixos, de um acorde só, de trezentas batidas por minuto, gritado, falado, cantado, mas não existe rock sem uma dose de rebeldia.

Não a rebeldia por si só, mas aquela que pode ser traduzida como a soma de auto afirmação e livre arbítrio. Vi, por exemplo, uma entrevista com os caras do Poison. Pra quem não conhece,  são uma banda de Glam Rock, o que quer dizer que tocavam maquiados, de cabelos armados e roupas justas. Segundo eles, sofriam tanto preconceito e era tão difícil poder bancar esse estilo, que na época não existia nada mais macho que se parecer uma mulher. E vários caras queriam pegar as meninas do Poison. Já, no Manowar, se afirmar é usar roupas de couro, deixando os braços à mostra e cantar sobre batalhas e, para os Rolling Stones é serem os Rolling Stones.

E de nada adiantaria tanta personalidade se você deixa outros darem as cartas.  Daí o livre arbítrio. E vão aí alguns trechos de músicas que evidenciam como ele é importante pro Rock:

“Você pode escolher um guia pronto em alguma voz celestial, se escolher não decidir, ainda assim fez uma escolha […] Eu escolho um caminho claro, escolho o livre arbítrio” – Rush, Freewill

“Eu resisto à pressão para ser quem você quer que eu seja. Eu resisto à pressão, eu resisto, por isso sou livre”.

-Biohazard, Resist

“Desde o começo da vida somos empurrados em pequenas formas, ninguém nos pergunta como queremos ser”

– Helloween, I Want Out

“F0$@-se, não vou fazer o que você quer!”

– Rage Against the Machine, Killing in the Name

Sendo assim, não admira que ainda hoje, mais de sessenta anos depois de seu surgimento, ainda haja gente disposta a vestir suas camisetas pretas, montar uma banda, ir em shows e consumir Rock, do Rockabilly ao Metal.

Deixo com vocês os vídeos das músicas que eu citei. Um abraço e até a próxima!

http://www.youtube.com/watch?v=YpCASVFyQoE

http://http://www.youtube.com/watch?v=FjV8SHjHvHk

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Músico, tradutor e especialista em hotelaria e atendimento ao público, Renato Domingues, escreve sobre jazz, blues e rock para as colunas dos sites de Jornalismo Colaborativo como o Temporada de Inverno, Turol, Vale Jornal, Vale Publicar, Vale Chef e Vale Shimbun.

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