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A música que atravessa o espaço e o tempo

Uma coisa muito interessante quando se fala em história da música, de qualquer estilo que seja, é que invariavelmente, a música evolui em movimentos e você pode pesquisar o quanto quiser, mas não vai encontrar um registro, ata ou o que quer que seja, dizendo: “A partir de tal dia, está fundado tal estilo musical.” Pelo menos, não sem sombra de dúvida.

Por um lado, se é difícil apontar nomes e mentes criativas por trás desses movimentos, também é muito bacana olhar para trás e perceber que localizar uma pedra fundamental é muito menos importante do que entender o contexto onde esses estilos nasceram.

E o berço em que nasceu o jazz, foi a New Orleans do final do século XIX e início do século seguinte. Em suas lavouras de algodão e açúcar, se ouviam os cantos dos escravos vindos da áfrica, as work songs. Os donos das fazendas acreditavam que o som dos tambores tradicionais servisse como forma de comunicação entre os escravos de outras propriedades e, temendo uma revolta, os proibiram. Assim, os escravos acabaram por adaptar os instrumentos ocidentais para acompanhar seus lamentos, nascendo daí o blues. Deixo pra vocês um exemplo muito, mas muito bonito desse tipo de som. E também muito, mas muito sofrido. Essa música se chama “Dark Was the Night, Cold Was the Ground”, de Blind Willie Johnson. Embora ele não diga palavra, a dor é palpável em cada nota. Simplesmente, um homem cego chorando na escuridão:

 

Uma curiosidade sobre essa música, é que ela está numa cápsula do tempo dentro das sondas espaciais Voyager, lançadas em 1977, uma das 27 escolhidas para representar a diversidade de vida terrestre, caso seja encontrada por alguma outra raça espaço a fora.

Por outro lado, nos bailes dessa época, reinava o Ragtime, que era uma forma de tocar, geralmente ao piano, músicas de vários estilos, marchas, blues, clássicos, de uma maneira mais sincopada. Confiram essa gravação de Scott Joplin, considerado o “Rei do Ragtime” e um dos pais do jazz:

Junte-se a isso, a efervescência da cidade americana mais próspera da década de 20 e que recebia muita gente de fora, além de muitos artistas, que eram atraídos pelos aluguéis baratos, e aí entendemos que o jazz não poderia ter nascido em outro lugar!

Um abraço e até a próxima!

Músico, tradutor e especialista em hotelaria e atendimento ao público, Renato Domingues, escreve sobre jazz, blues e rock para as colunas dos sites de Jornalismo Colaborativo como o Temporada de Inverno, Turol, Vale Jornal, Vale Publicar, Vale Chef e Vale Shimbun.

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