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Governo, Terceiro Setor e Povo Unidos para a Transformação da Sociedade

Governo, Terceiro Setor e Povo Unidos para a Transformação da Sociedade

Após tantas tragédias causadas pela natureza a partir de janeiro deste ano, seguidas de crimes violentos como feminicídios, crimes de ódio contra raças, religiões, ou simplesmente porque se tem a vontade de matar pelo prazer de matar, cometendo-se massacres gerados por problemas pessoais, patológicos, e outros, resolvi escrever algo sobre o assunto.

No momento de escolher o tema, tive a maior dificuldade, uma vez que a série de notícias sobre crimes bárbaros e hediondos continuaram a ser veiculadas quase que diariamente. Cada uma delas deixando evidente a “gana” de cometer crimes cada vez mais aterradores. O simples ato de matar já não parece ser suficiente. É preciso mostrar a todos do que a mente humana é capaz quando se trata de planejar detalhes atrozes.

O culto ao barbarismo parece estar tomando conta da mente de muitos jovens, e mesmo adultos, que infelizmente ainda se encaixam dentro das características de “ser humano”.

O mundo tem um dificílimo problema a ser solucionado. Perguntas brotam nos pensamentos: o que fazer para parar tudo isso? Que atitudes tomar para tentar salvar os que ainda não se deixaram contaminar pela crueldade sem limite? A quem recorrer?

Urge-se soluções rápidas para impedir que essa onda de violência prolifere a cada dia, a cada hora, a cada minuto, deixando a todos com uma sensação de impotência diante dos fatos. Mas qualquer tomada de decisão imediatista servirá apenas como “tapa-buracos”, pois a base está totalmente fofa, apoiada em areia movediça, que ameaça afundar a qualquer instante.

Órgãos especializados em diversas áreas, principalmente a social, a familiar, o sistema de segurança, entre outros, teriam que se unir, e reunir, para buscar soluções que viessem diminuir essa onda avassaladora de crimes diários.

Sabe-se que um trabalho em equipe proporciona muito mais resultados do que um individual. Assim sendo, o governo não pode agir sozinho, nem as comunidades especializadas em minimizar o sofrimento dos mais necessitados darão conta de abranger todos os pontos a serem trabalhados. Um caminho seria a cooperação dos envolvidos, cada um entrando com o que lhe cabe.

Foi assim que ao ler uma notícia de que provavelmente o governo estadual iria cortar verbas do Projeto Guri, senti-me decepcionada, para não dizer arrasada, pois agora é hora de implementar os projetos existentes e criar outros de impacto para os problemas socias que envolvem nossas crianças e jovens.

O Projeto Guri é uma política pública do Governo do Estado de São Paulo e foi fundado em 1995, com o objetivo de proporcionar educação musical e prática coletiva da música às crianças e adolescentes gratuitamente. Desde sua implantação, já atendeu mais de 770.000 crianças e jovens na Grande São Paulo, interior e litoral. É regido por duas organizações sociais, a Associação Amigos do Projeto Guri e Centro Cultural de São Paulo, sendo seu principal mantenedor o Governo do Estado de São Paulo. A Associação Amigos do Projeto Guri também recebe suporte das prefeituras, organizações sociais, empresas e pessoas físicas. Além de promover a cultura musical, esse projeto desenvolve um trabalho social que vai bem além dessa área, que é trabalhar a afetividade, o cognitivo, as áreas estética, motora e social, buscando promover a integração dos alunos em suas comunidades. São trabalhadas políticas e práticas visando à inclusão e manutenção de alunos que se encontram em situação de vulnerabilidade econômica e social, os quais, após passarem a fazer parte do Guri, recebem atenção e dedicação que vão muito além do aprendizado musical.

Portanto, projetos como o Guri devem ser espalhados e copiados por todo o país e verbas públicas devem ser destinadas a essas instituições, uma vez que é trabalhando a autoestima do indivíduo, suprindo as lacunas existentes em cada criança e adolescente, propiciadas pelo meio em que habita, é que novos cidadãos, conscientes do seu valor e capacidade, irão contribuir para que a base fofa possa ir se transformando em um concreto sólido.

À vista disso, senti um alívio e uma alegria ao ler há alguns dias, que, devido a protestos gerados pela notícia do corte de verba destinado à cultura de São Paulo, o governador declarou que não haveria corte no setor cultural.

Entretanto, um projeto só não é suficiente para atender às necessidades de transformação de uma sociedade doente. Muito mais tem que ser realizado e para isso é inevitável a cooperação de todos os envolvidos, que é todo o povo brasileiro: os que têm condições de agir para ajudar a engrenagem girar, como o Terceiro Setor, com suas iniciativas não governamentais que buscam minimizar e melhorar os problemas sociais, e os que precisam de ajuda, esforçando-se para ser um dente sadio nessa engrenagem.

Professora no ensino técnico e universitário na área de Linguística Aplicada por mais de 35 anos, especialista em tradução, revisão e edição de texto. É editora da Tozzane Consultoria Linguística e também parceira editorial da Ryoki Produções e da Rede de Comunicação JornalismoColaborativo.com

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