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Choramingando através dos tempos

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Cândido Portinari,  Chorinho 1942

 

O início do século XX também foi bastante significativo para a música brasileira. Centros urbanos se formavam, impulsionados pelas exportações agrícolas e pela indústria, que começava a se estabelecer.  Repartições públicas foram criadas, trazendo funcionários para a cidade, formando a classe média baixa da época.

E no meio dessa gente, no Rio de Janeiro, é que veio a florescer um dos estilos musicais mais bonitos do mundo, o Chorinho.

De início, suas influências eram basicamente a música europeia, que havia chegado anos antes com a família real, que também trouxe na bagagem os instrumentos usados para tocá-lo: violão, flauta e cavaquinho e, também, os ritmos afro-brasileiros como o lundu, herdado dos escravos, libertos em meados do século anterior.

Músicos virtuosos, os chorões se reuniam na noite carioca e, de ouvido, reproduziam as músicas dos salões de baile portugueses, imprimindo o sotaque brasileiro a elas, até que as composições adquiriram uma identidade própria, nacional.

Mas, apesar de terem em comum uma origem parecida, mistura de música negra e europeia, o virtuosismo dos músicos e a improvisação como uma marca muito forte, o choro não se combinavam com o jazz, os chorões resistiam bastante a essa mistura, sendo o próprio Pixinguinha, o mais famoso músico e arranjador de choro até hoje, criticado por ter trazido o saxofone e influências do jazz de suas experiências na França.

E foi justamente essa mescla, trazida não só por Pixinguinha, mas por vários outros chorões que acabaram por integrar orquestras, big bands e outros grupos mundo a fora, que deu o tom e a cara do choro que chegou à vitrola do meu pai e que me impressiona desde moleque. E sei que também cativa muita gente até hoje, embora não tenha o espaço merecido. E muitos novos talentos continuam surgindo, para não deixar que tanta música boa se perca no passado.

E é com um vídeo de um grupo atual tocando um sucesso das antigas que ilustro esse post: as Choronas, tocando “Atraente e Corta Jaca”, de Chica da Silva.

 

Um abraço e até a próxima!

Músico, tradutor e especialista em hotelaria e atendimento ao público, Renato Domingues, escreve sobre jazz, blues e rock para as colunas dos sites de Jornalismo Colaborativo como o Temporada de Inverno, Turol, Vale Jornal, Vale Publicar, Vale Chef e Vale Shimbun.

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